Uma vez ouvi de uma pessoa que considero muito que “o meu problema é que eu acredito demais nas pessoas”. Ela não mentiu, veja bem, eu acho que sou mesmo assim. Inclusive, também concordo que por vezes - mais do que eu gostaria de admitir - isso é de fato um problema.
Talvez eu haja assim por ingenuidade. Talvez, por um sexto sentido pouco desenvolvido. Mas há ainda uma terceira justificativa para esse meu funcionamento, e é a que mais me assusta, possivelmente porque é verdade: ajo assim por desespero. Acreditar tão facilmente nas pessoas, aparentemente sem critério, acaba sendo transferência de responsabilidade sobre minha própria vida. Um medo tão grande das minhas próprias verdades, que qualquer palavra bonita que é dita me encanta. Me traz alívio, certeza, confiança no outro porque não confio em mim mesma. Por óbvio, o resultado alcançado é o oposto do desejado e eu acabo mergulhando em um cenário que me deixa vulnerável a uma alta média de promessas que não podem ser cumpridas e de palavras que são ditas com uma intenção tão leve que a primeira brisa é capaz de levar para longe.
Passa o vento, levam as promessas e fico eu sozinha com a frustração.
Há de haver remédio para essa crença cega no outro, como se minha vida pudesse ser transferida assim, sem cerimônia e sem custo. Há de haver uma porção, mínima que seja, de uma desconfiança necessária a ser acrescentada à minha mistura para que episódios assim, se não puderem sumir de vez, ao menos não ocorram com tanta frequência.
Um pouco de desconfiança, um pouco de malícia, um pouco de prudência.
De algum sexto sentido que me faça ponderar melhor.
Olhar para dentro antes de olhar para fora e, mais importante ainda, continuar olhando para dentro mesmo quando o cenário externo for encantador.
Há de existir algo entre confiar em todos e desconfiar de todo mundo e talvez essa minha mania de sempre acreditar nas pessoas esteja me custando caro demais.
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Oi Martinha :) Eu ainda acredito que, o que a gente acredita ser nosso maior defeito, pode ser na verdade a nossa maior qualidade. Nos leva para lugares que não iriamos se não fôssemos como somos, nas dores e delícia 🍀
difícil encontrar o equilíbrio da confiança, porque desconfiar de tudo também é exaustivo.